Entrevista 1#

      Paulo Fernandes, 16 anos, Vitória Sport Clube

      Dentro das atuais condicionantes, o Vitória tem feito um percurso aceitável e dentro das expetativas traçadas. Temos mais 1 ponto que no mesmo período da época anterior, onde terminamos o campeonato em 6º lugar e estamos nos quartos-de-final da Taça de Portugal. Nota positiva, portanto, para Rui Vitória e os seus pupilos, que apesar de alguma inexperiência e alguns meses de salários em atraso têm dignificado o nome do Vitória Sport Clube

      Gostaria de ver um organizador de jogo digno desse nome já em Janeiro, para que o futebol do Vitória assentasse definitivamente e não andasse num misto de futebol apoiado com futebol mais direto de transições. Como tal não é possível, lá vamos ter que nos aguentar com Toscano e Barrientos que, a meu ver, para além de não terem características de um 10 puro, têm tido bastante dificuldades em imporem-se definitivamente no futebol português.

      Previsível. Este caminho tomado pelo Sporting já vem sendo traçado desde o tempo de José Eduardo Bettencourt e encontrou agora em Godinho Lopes o expoente máximo. A culpa da atual situação do Sporting não é do Wolfswinkel, como o povo parece querer teimar. Nos últimos três anos passaram 8 treinadores pelo Sporting, dezenas e dezenas de jogadores caros e alguns deles com créditos firmados mas a sala de troféus do clube manteve-se igual. Desde que Godinho Lopes entrou para o clube a única coisa que cresceu no Sporting foi a folha salarial, os tachos nos cargos da administração, o passivo e os motivos de gozo com o nome do Sporting. Porém, muita gente insiste em culpar um tipo que tem mais de 30% dos golos da equipa. Fica à consideração dos Sportinguistas.

      Sou um fã incondicional do futebol inglês e não perco uma da Premier League. Acompanho mais regularmente o Swansea, clube com o qual me identifico muito na sua génese. A EPL é, sem dúvida, um mundo à parte. Não pela qualidade excepcional das suas equipas (aí a La Liga e mesmo a Bundesliga estão num patamar acima) mas pela emoção que transborda em cada momento. Desde o público aos jogadores, todos dão o máximo pelo jogo. E aí está a grande diferença em relação a Portugal. Desde os adeptos ruidosos que vivem do e vivem para o futebol, em contraste com o bi-clubismo patente em Portugal até aos jogadores que colocam o futebol limpo como prioridade ao contrário das simulações que são aplaudidas e são sinal de "inteligência" cá no burgo...e a perseguição aos árbitros, então, já nem se fala. Infelizmente, por estes lados tem-se o hábito de se justificar os falhanços desportivos e de gestão com as arbitragens...e o povinho vai atrás. É pena. E não me venham com tretas, porque em Inglaterra os árbitros erram tanto ou mais que em Portugal. Resumindo, a meu ver, as diferenças entre o futebol em Portugal e em Inglaterra são tão grandes como irrecuperáveis...A própria mentalidade dos agentes desportivos teria de mudar, ou seja, teria que se mexer em muitos cordelinhos(incómodos).

      É difícil para mim definir um treinador "favorito"...Todos eles têm as suas características peculiares, quer na forma de estar quer na forma de ver o futebol. Gosto de Di Matteo pela sua simplicidade e postura humilde, gosto de Mancini pela sua frieza e racionalidade, gosto da maneira romântica como Rodgers vê o futebol, gosto do carisma de Jurgen Klopp, etc. Se tivesse que "escolher" algum, iria por José Mourinho e Sir Alex Ferguson. Algo diferentes na sua abordagem mas ambos completos a todos os níveis e, acim de tudo, ganhadores.

      Já a nível de jogadores, não hesito em destacar dois nomes: Marouane Fellaini e Yaya Touré. Dois protótipos de jogadores perfeitos. Mais completo que isto é impossível. Sabem ocupar espaços defensivos, desarmam, distribuem, assistem, rematam, fazem golos e têm um físico impressionante que permite que sejam dominadores quer no chão quer no ar. Qualquer treinador do mundo gostaria de contar com estes dois jogadores.

      Sim, e estou a fazer isso como objectivo de vida. Espero entrar no curso de comunicação social por forma a enveredar pela carreira de jornalista desportivo e, depois, quem sabe, possa tornar-me num comentador desportivo de referência a nível nacional, tipo Luís Freitas Lobo. Também não me importaria nada de abraçar a carreira de scouting ou mesmo de diretor desportivo num qualquer clube de futebol...de preferência o meu clube do coração.